quarta-feira, 25 de novembro de 2009

O jogo do homem que brincava com mulheres - parte III


            - Já não era sem tempo. Estava mesmo querendo levar um papinho com você sua destruidora de lares. Eu sei exatamente o que você está tentando fazer. Não vai conseguir acabar com o amor que Almeida sente por mim, nunca.
            - Márcia, eu não estou com cabeça e muito menos paciência para aturar uma maluca querendo escândalos na rua. Deixe de ser imatura e fale comigo como uma pessoa adulta, se isso for possível, o que eu acho muito difícil. Querida, que fique claro que quem me procurou foi Almeida. Não tenho culpa se você não deu conta do recado, meu bem.
            - Veja só sua cínica, acha mesmo que eu vou acreditar em sua palavra? Sei á tempos que você anda atrás dele.
            - Não estou pedindo que acredite em minha palavra, na verdade isso é um problema seu. E tem mais, antes mesmo de você aparecer ela já me pertencia. Você sabe bem que tudo que ele fez com você, foi comigo no pensamento. Não adianta agora querer se meter no destino. Quem está sobrando aqui é você querida, não percebe?
            Foi aí que Márcia saiu daquela discussão, sentindo a dor de um tapa que não recebeu. Talvez aquela dor fosse mais forte que uma bofetada, ela ainda teria que resolver isso. Mas aquilo ainda não havia acabado. Aquele fim não seria feliz para nenhuma das partes. Almeida conseguiu passar mais uns dias levando aquilo cada vez mais a sério. Sabia também que chegaria um ponto em que aquilo teria de acabar, só não sabia quando nem como, aquilo não importava. Tinha consciência de que teria que escolher entre três opções: ficar com Márcia, ficar com Carmem ou ficar sozinho e deixar que elas se resolvessem a sua maneira. Talvez a terceira opção estivesse nos seus planos. Como sempre, ele vinha com seu papinho sedutor.
            - Carmen, minha vida. O que me contas?
            - Não agüento mais sua ex-mulher Almeida. Te amo e te quero como ninguém, mas juro que não aguento. Márcia é o tipo de pessoa que nos vence pelo cansaço. Ou você se apura com tudo isso e seja meu logo de uma vez, ou não sei se aguento por muito mais tempo.
            Aquela foi a primeira vez que uma das duas deu um ultimato a Almeida. E em nada isso afetou. Na verdade, fez seu ego subir ao auge, como se já não estivesse alto demais. Isso lhe dava cada vez mais confiança e vontade, o que não era bom sinal.
            - Almeida, você acredita se eu lhe disser que a doente da Márcia teve a audácia de vir fazer escândalo comigo? Comigo essa não se cria. Já sei até o que vou fazer. É a minha vez de fazer escândalo, já que é isso que ela quer.
            Ele estava adorando aquilo, estava saindo tudo muito bem. Almeida estava até pensando em arrumar outras duas para repetir a dose. Mas decidiu por esperar, pois aquelas duas ali já lhe estavam dando diversão demais da conta.
            Carmen pensou em inúmeras formas de promover um encontro casual com Márcia em algum lugar em que fossem só as duas. É claro, pensou ela, a missa de quinta-feira. Conseguiu fazer com que Márcia fosse a essa missa sozinha. Na saída da Igreja elas se encontrariam graças ao acaso, tudo perfeitamente normal, ninguém poderia negar. Quando finalmente chegou a quinta-feira, Carmen já havia preparado tudo. Elas se encontraram na rua, a poucos metros da Igreja.
            - Pode me explicar o que faz aqui Carmen?
            - Venha comigo, estou cansada de brincar de esconde. Agora somos só nós duas.
            Carmen a levou a um cômodo abandonado recentemente, que ficava na quadra seguinte. Chegando lá, Márcia já quis começar o escândalo.
            - Nem venha me dizer nada Márcia, você está aqui para me ouvir. Poupe meus ouvidos da sua ladainha.
            - Então me dê um bom motivo para eu ouvir sua conversa Carmen, me dê.
            - Almeida! É um ótimo motivo, e lhe interessa muito, qualquer um sabe disso. Agora me ouça.
            - Você é inescrupulosa. Diga logo o quer que tenho mais o que fazer de minha vida.
            - Pare de falar asneira Márcia, eu conheço bem seu tipo. Sei que pode perder a noite toda aqui comigo. Agora me deixe te contar uma história.


[...] Continua