Foi aí que começou a obsessão. Essa conversa fez com que Márcia resolvesse realmente não deixá-lo em paz. Parece ser isso que ele queria. E era mesmo, pois na manhã seguinte, quando se encontraram, Márcia veio diretamente em sua direção para começar o barraco e Almeida deu papo.
- O que é isso Almeida, não vai mais sequer me olhar nos olhos? Não vai ser tão fácil assim se livrar de mim.
Almeida já querendo sorrir por dentro, se conteve para responder a ela.
- Desculpe-me, eu não havia lhe visto. Mas você está com uma aparência ótima hoje, nem parece estar sofrendo. Assim é melhor.
- Almeida, pelo amor de todos os santos, me dê mais uma chance, é só o que eu preciso.
- Nunca mais Márcia, nunca mais.
- Mas você é tudo que eu tenho, só preciso de uma chance, juro não te decepcionar nunca mais.
- Querida, eu já disse que nunca mais vou lhe querer enquanto for vivo.
- Então é isso Almeida? Se for assim só lhe peço um último beijo.
- Está bem Márcia, desde que jure nunca mais me atormentar nem a vida, nem os planos.
E assim Almeida foi em sua direção para dar-lhe seu último beijo. Quando chegou perto o suficiente, a ponto de tocar-lhe, Márcia não perdeu tempo e se prendeu nos seus lábios com toda a força que conseguiu reunir. O problema é que não foi num gesto de amor, e sim de raiva. Ela não o beijou, ela o mordeu.
- Ai, sua maluca. Olha só o que você fez. Nunca mais chegue perto de mim, louca. Como foi que pude me manter quatro meses ao seu lado. Eu só podia estar fora de mim.
Almeida saiu raivoso daquele lugar, com os lábios já perceptivelmente inchados. Com toda a certeza Almeida não esperava por essa atitude. Não sabia o que fazer, ou melhor, não sabia o que dizer para Carmen quando a encontrasse. Certamente alguma coisa ele iria ter que dizer. Optou então por manter a verdade, somente omitindo alguns detalhes, como o fato de ele ter tido a intenção de beijar Márcia novamente. Afinal, omitir não é o mesmo que mentir. Quando encontrasse Carmen iria então dizer-lhe que Márcia havia lhe pego de surpresa e ele não teve tempo de fugir antes da mordida. A reação de Carmen foi exatamente a esperada.
- Que mulher infantil, sem escrúpulos. Não acredito que ela fez isso. Meu amor, juro nunca ser assim. Estou totalmente pasma, veja só o que essa maluca fez. Se ela aparece nesse momento em minha frente juro que a mato.
- Se acalme Carmen, também não é assim. Dê-me um beijinho que tudo isso logo passa.
Os dois passaram seus momentos juntos em plena felicidade, até o momento em que Márcia resolveu aparecer, ninguém sabe de onde, e estragar tudo. Almeida não esperava por isso, então sua reação imediata foi sair de perto de Carmen, que percebeu o ato e não gostou nada disso. Foi ali, quando ela e Márcia se encontraram, que a rivalidade começou. Carmen sabia que aquela história iria longe. Márcia também tinha plena consciência disso. E Almeida estava tranquilo, pois aquilo era exatamente o que ele queria. As únicas pessoas que não conseguiam ver isso eram as duas. Alguns dias se passaram e essa rixa continuou, só piorando é claro. Até que, depois de alguns dias, Carmen e Márcia se encontraram longe do rastro de Almeida. Nenhuma das duas quis perder aquela oportunidade. Almeida continuava tratando as feras com suas atitudes de homem cavalheiro sempre fazendo com que as duas se odiassem mais, jogando uma contra a outra, enquanto ele saía ileso. Quem começou foi Márcia, que por natureza era mais barraqueira e impulsiva do que Carmen.[...] Continua