terça-feira, 17 de novembro de 2009

O Alicerce - parte 1

“A gente pode se encontrar?” Essa foi a mensagem que o filho da mãe me mandou. Não entendi porque ele me mandou, simplesmente respondi “pra que?”. Ele me respondeu quase imediatamente “pra se resolve, deixa as coisa claras..”Ignorei os erros de português e devolvi “aonde?” e ele “lá na praçinha na beira do mar, pode ser?”, não respondi. Estávamos de ferias, ele é meu ex, e na mesma praia, que carma o meu.
Lá pelas 14 horas "fugi" de casa, como todo mundo estava dormindo deixei um bilhete dizendo que tinha ido dar uma volta e que levei o celular. Cheguei na praça e lá estava ele. Loiro, olhos azuis, alto, corpo de atleta e vermelho do sol. Ver ele me deu vontade de voltar correndo para casa, mas me aguentei e andei metade do caminho e parei. Ele me viu e veio ao meu encontro.
Quando ele me cumprimentou, eu não respondi e não olhei para ele, tanto por causa do sol, quanto pelo desconforto. Procurei por um banco com sombra, achei e fui ate lá, com Jean me seguindo. Sentei, criei coragem e olhei para ele.
- E então?
- Como você esta?
Perguntou ele, mais ríspido do que queria parecer,
- Bem. Aliais, muito bem.
- Que bom...
Ele, agora, não me olhava dos pés a cabeça, como sempre fazia, ele olhava nos meus olhos.
- Se eu te pedisse um favor, você faria?
Um favor? Fiquei desconfiada. Optei por simplesmente olhá-lo. Ele baixou os olhos.
- Me desculpe, por favor...
- Te desculpar do que?
Queria ouvir isso da boca dele.
- Por ser ridículo, por ser idiota, por ter achado que tinha feito a coisa certa...
- Tudo bem, esta desculpado.
Ele me olhou, incrédulo com minhas palavras.
- Mas, Marina, simples... Fácil assim...?
- Foi um pedido de desculpas não foi? Então, desculpas aceitas.
Ele chegou mais perto de mim, baixou a cabeça perto do meu ouvido me fazendo tremer.
- Então... Será que...?
Ele baixou mais ainda o rosto, chegando à linha da minha boca, eu ainda olhando para o outro lado.
- Não.
- Mas, por que não?
- Não posso, não devo e não... Não...
Não consegui terminar, dizer que não queria seria mentir demais.
- Não quer?
Ele tentou ser feliz em me ajudar a completar a frase, uma pena que não foi.
- Alguma vez eu já te disse, ou disse pra alguma pessoa nesse planeta que eu não te queria? Que eu não gostava de ti?
- Não. Por isso mesmo achei estranho a sua... Reação.
Procurando palavras? Não era do feitio dele fazer isso.
- Não. Não é estranho. É racional.
- Então, deixa a razão de lado e me mostra a emoção...
- A minha emoção então: existe uma parte de mim que ainda te quer e ainda te ama, como ninguém jamais te quis ou te amou. Se eu me deixar levar pela emoção eu não vou te beijar, mas eu vou chorar como nunca na minha vida. E não vou deixar aquela pequena parte que gosta de ti dominar todo o restante.
- Por que não...? Não entendo isso.
- Talvez você nunca entenda. Vamos ver se você entende isso: Lembra daquela sexta-feira que você voltou para o colégio, quatro dias depois de ter terminado comigo e eu soube que você ficou com aquela nanica? Lembra no estado em que eu fiquei? Lembra? Se você não lembra, realmente vai fazer com que eu tenha certeza que você não enxerga 1 palmo na sua frente.




Continua ...