terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Desafio

Enfim esse dia infernal vem chegando ao fim. Parecia que não ia acabar nunca. Este foi um dos piores dias que eu tive nos últimos tempos da minha vida. Só o fato de passar o dia todo na escola já é uma prova de fogo. Aguentar aquele professor que eu tanto rezei por não ver nunca mais. Segundo dia depois do retorno do curso e já temos trabalhos pra fazer, seeeeeeeeeenhor.
Eu vim no ônibus super inspirada quase chorando na frente de todos, e pensei em muitas coisas impactantes para escrever aqui quando chegasse, mas acabei esquecendo todas elas. Essas inspirações sempre vem nas horas erradas. Cheguei a pensar em abandonar o blog e não postar mais nada, mas pensei melhor e percebi que a maioria das pessoas só me conhece por aqui. Arrisco dizer mais: meus amigos só sabem o que realmente acontece comigo por aqui, porque é aqui que eu realmente desabafo tudo. Posso explicar. A internet é uma ótima maneira de soltar tudo o que eu preciso soltar e ainda sabendo que todos lêem. Aqui desabafo coisas que eu não consigo falar. Cá entre nós, desabafar dói, agente sempre acaba em choros desesperados e esse tipo de coisa. A internet não vai te olhar com pena na hora que você realmente desabar na frente dela, nem vai te dizer que você está errada e mesmo com tudo que você disse, falar que não te entende. Pessoalmente, é isso que acontece, fato.
Pois bem, depois de ter feito o comentário mais inconveniente da minha vida o meu dia virou de pernas para o ar. Discuti com o homem da minha vida na frente de todos os amigos da minha vida. Foi vergonhoso, e mais que isso, foi doloroso. Para mim, a pior coisa que existe é ficar sentada ao lado de uma pessoa que você ama com todas as forças e o orgulho te impedir de falar com ela. Passamos a tarde assim, o intervalo separados, 5 aulas sem um mísero contato visual. Foi horrível. Como se o fato de ter discutido com o namorado já não fosse suficientemente ruim, tive um pequeno desentendimento com um colega de classe. Não vem ao caso contar o desentendimento, pois envolve uma história grande e ruim. Deixa pra próxima. Mas aquilo foi, definitivamente, a gota d'água. Como já disse antes, prefiro desabafar no papel, escrevendo. Então decidi soltar minha fúria, raiva, indignação e ódio numa folha do caderno. Achei que seria melhor do que acabar em um barraco. Escrevi quase uma folha de caderno inteira e acabei envolvendo outras coisas que me incomodavam de dias anteriores. Imagine então o que aquilo virou. Só sei que o namorado acabou lendo tudo, e meus maiores problemas são envolta dele.
No papel eu dei minhas opiniões, falei que não aguentava mais os amigos medíocres dele. Confessei, mais uma vez, que eu queria ser bonita e gostosa para os seus amigos poderem dizer que ele fez a coisa certa em ficar comigo, e que eu odeio todos eles por fazerem com que eu me odeie tanto. Aqueles idiotas nem se dão conta do que fazem comigo quando dizem que ele não devia ter ficado comigo, porque eu não sou tão bonita quanto eles esperam. Eu venho os odiando desde que soube dessas coisas. Eu venho me odiando desde sempre por isso, só que os babacas nem imaginam que eu tenho espelho em casa e eles não precisam ficar falando o quanto eu sou insignificante. Isso me revolta, e isso sempre acaba em briga de casal, sempre. Porque ele diz que não se importa com o que os outros dizem e etc e tal. Mas o que ninguém consegue entender é que EU me importo com o que eles dizem, por mais que sejam idiotas. Me machuca, e eu não sei lidar com isso. Tantas vezes eu já perdi, eu já fui enganada, trocada, deixada e ainda assim ninguém consegue aceitar que eu sinta medo de que o mesmo aconteça novamente? Isso sim é inaceitável. Com isso, eu ouvi tudo que ninguém precisava ter me dito, porque na verdade eu já sabia de tudo. Mas ninguém consegue imaginar o quanto doeu ouvir da boca dele todas as confirmações daquilo que eu achava. Eu sei que o grande problema sou eu, sei que o fato de eu me odiar está acabando com tudo, mas eu não consigo evitar, droga. Eu não consigo, mesmo sabendo que ele está escorregando entre os meus dedos. Isso me torna tão incapaz, e isso me dá vergonha.
Uma certa vez, quando ele me perguntou se eu iria desistir tão fácil, eu disse que não era tão fraca. Hoje vejo que foi o maior erro que eu cometi. Eu sou fraca sim, e ao mentir pra mim eu acabei mentindo pra ele também. Hoje ele me cobrou essa frase. Disse que queria a namorada dele de volta, aquela que era forte e que enfrentava as coisas. O problema é que essa Cintia nunca existiu, e nunca vai existir. Eu menti. Na hora de ir embora ele disse o seguinte: “Vai pra casa e ao invés de ficar chorando como uma condenada, trata de procurar a minha namorada e quando tu encontrar, pergunta pra ela quando é que ela vai voltar. Boa viajem.” E me deu um beijo na testa. Foi tão horrível, porque ele me pede coisas que eu não posso encontrar. A poucos minutos atrás ele ligou aqui perguntando se eu estava chorando. E me ameaçou. Disse que é pra mim levar a namorada dele comigo amanhã, e se eu não levar ele vai ter que procurar. Só que se ele tivesse que procurar, o bicho ia pegar, mas ele sabia que eu ia encontrar antes. Mal sabe ele que vai ter que procurar, porque eu estou atrás dela a tempos. Quando eu perguntei se aquilo era uma ameaça, ele confirmou e disse que era sério. Ele vai tomar providências drásticas, senti na voz dele. Então eu perguntei se ele iria me dar um susto, e ele me tranquilizou dizendo que não pretendia me dar uma surra nem nada disso. O problema é esse, tem uma coisa pior do que ele me dar uma surra. E com certeza eu suplicaria pela surra para que esse pior não acontecesse.